domingo, 9 de maio de 2010

Brotherhood

Foi tanta coisa dentro do nada. Aquele tempo todo que sempre sumia havia sido preenchido por uma correnteza diagonal que fazia seu rumo em uma direção perdida. Nada diferente, tanta mudança. Aquele dia teve falecimento, aviso prévio, ameaça, indiferença, surpresa, sorriso, esperança, agonia, beijo, toque, despedida, batata frita. Uma lista de variáveis que implicaram no resultado do final. O final que era o começo do depois. E que acabava logo que o amanhã começava, porque já era o depois do antes. Talvez você se lembre de mim. Com todas as confusões e risadas infantis, todos os sonhos e vontades adolescentes, impulsos e sabedorias. Era de certa forma impressionante como 24 horas podiam salvar pequenas descobertas, revelações, sensações. Aquele egocentrismo que não tinha tamanho, com o "EU" sendo a primeira palavra de cada frase sua me tirava do sério. Me preocupava. Cada minuto que precisou do meu ouvido e dos conselhos eles nunca falharam a te acompanhar. E tenta me assustar com chantagens baratas, jogando as cartas como quem sabe o que faz sem saber que você sabe tudo, menos do que tem que saber. Não enxerga? Ainda tem tanta coisa pela frente. Essa obsessão, compulsão, invenção. Isso só piora. Só cresce. Você não é capaz de se separar, de ser você de novo, sem isso. Virou um apoio, uma necessidade, quando era pra ser uma coisa boa, divertida, passageira. Eu tenho tanto medo de você. Um medo sem tamanho, principalmente de te perder. Não digo em termos físicos, porque esse na verdade você sabe que é o que menos importa pra gente. Digo em espírito, em alma, em outra dimensão. Esse peso de importância, fardo árduo que carregas sob papel que ganhaste quando entrou aqui, é tudo culpa dele. Talvez como nós já pensamos um dia, quando o coração fica a dez mil léguas submarinas isso não exista, e as coisas sejam mais fáceis. Mas não, a superfície é aqui, ela traz ventania, traz obstáculo, traz mistério. Mas encara, eu to aqui. Eu te seguro, te abraço, te levo comigo. Por que ter todo esse medo, toda essa insegurança quando na vida tudo que salva a loucura é o sentir. Que por ironia do destino, é muitas vezes o responsável por encaminhar a ela também. Mas a promessa que posso fazer, e o pedido que tenho aqui é que não vá embora. Que não se curve, batalha. Fica. Pensa. Sente. E acima de tudo, abaixa a cabeça, escuta. E aprende.

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