quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Me ensina o paraíso


- Não sinto seu amor.

Ela diria.

- Não o sinto a toda esquina.
Preciso da tua mão na minha. Te sentir perto constantemente.

Meu problema estava em lhe fazer enxergar o incompreensível. Não se pode exigir de um dragão uma postura de um coelho. Uma submissão esguia, calma. Tranquilidade não nasce com um dragão.

- Todo dia é um novo medo. Uma nova diretriz. Me mostra a certeza de que você tanto diz.

Coisas abstratas retratam o cotidiano. Minha capacidade de baixar a guarda e deixar flores nascerem no jardim era visível. Mas elas estavam cercadas de alecrim. Conheces? É uma cor forte, um verde escuro. Talvez tão escuro quanto eu. Com um cheiro dominante, relativo ao meu jeito inconstante.

- Busco em você uma estabilidade. Peço que o tempo passe na esperança da saudade. Como quero compreender todas as cinzas que se fazem de sorrisos gastos.

Da natureza e essência, um dragão cospe fogo pra se proteger. E imagine só, até mesmo em sua felicidade. O paradoxo da mutação era invariável. Difícil mesmo qualquer aceitação. Nem os de sua comum natureza, semelhantes, porque você sabe, um dragão nunca é igual à outro, nem eles mesmos compreendem.

- Não desisto. Tenho vontade de você. Te quero como nunca quis um outro alguém, seja ele seco ou incendiado.
Então, meu bem. A floresta há de crescer e eu de te proteger. O fogo que vai sair daqui será só para apagar a dor. Fica, que com meu jeito desastrado de queimar livros e inventar histórias, não quero ser devorado por mim mesmo.
Só por você.

domingo, 11 de setembro de 2011

Inquebrável


Você já teve essa sensação? Quando algum momento parece perfeito demais, ou o seu estado de felicidade está tão constantemente pleno que tem medo de que se quebre em alguns segundos? Seja ele calmo, agitado, sozinho ou acompanhado. É uma tranquilidade fortalecida que te faz ameno por alguns instantes, te faz sorrir um sorriso sincero e transparente e te faz querer que aquilo não te deixe nunca mais.
Hoje eu senti isso. Não tenho muitos momentos assim na minha gaveta, então sei destacar bem quando eles acontecem. Esteja chovendo ou debaixo de sol, são momentos quentes, intensos. Mas muitas vezes, são também rápidos.
Me apego a eles e tento reviver sempre que posso. Uma despedida, um olhar, um diálogo, uma música. Eles costumam ser um bocado frágeis, esses momentos.
E se você for como eu, você sente a mesma vontade que eu de eternizar essa sensação. Porque falemos da vontade de viver que ela traz a tona, como nenhuma outra sabe fazer.
A sobrevivência permite destacar a indecência da vida de nos tirar momentos assim com o piscar das horas. Adversa, eu, prefiro lembrar deles de forma a repeti-los cada vez mais, e tornar constante e abrangente o desejo de vida que eles têm.
Os momentos.