quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre o que queima com o tempo. Você.


Nas últimas semanas muitas coisas conseguiram me transportar. Não havia um lugar específico onde eu pudesse me encontrar. Pensamentos traziam devaneios. A vontade de exteriorizar tudo era enorme, mas os métodos para fazer isso pareciam restritos. O limite apesar de invisível era bem percebido. Faltavam objetos que fossem descritos de forma concreta. Era só o nada resultando de coisa nenhuma.
Eu, que sempre soube achar uma razão forte, estava mesmo perdida. Aceitar tudo e nunca questionar era tão mais fácil, simplesmente. Os versos que agradavam já eram inventados e precisava de algo brilhante e essencial para descrever a covardia sentimental que me confundia.
Sem muito mistério, foi fácil encher uma página com o esboço preto da cor dos sonhos que eu não conseguia realmente enxergar.
Tudo parecia entreaberto, faltava a certeza, restava a saudade. Quando eu me deixava levar pelo domínio do inconsciente, ás vezes era tranqüila a morte da realidade. O que eu presenciava era a dúvida repleta de metáforas complexas e antíteses inexplicáveis.
Tudo era medo. A mudança. Ninguém fica a vontade quando não sabe o que pode acontecer. Geralmente porque as chances de dor e sofrimento aumentam consideravelmente com o desconhecido.
Agora é um momento adjacente ao passado e ao futuro. E todos conseguem ser tão inexistentes quanto a vida de uma estrela que vemos brilhando.
Como o tempo sabe nos enganar. Você sente, sabe, acha. No final, não era nada do que era.
Ah, mas espera! Eu tinha de certo algo na cabeça quando comecei a escrever isso... Afinal, são tantas palavras.
Elas não deveriam ter algum sentido?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre um eterno e breve amor

Dessa vez as coisas terminaram sem ter um fim. Foi estranho pra mim, me acostumar com tudo. Confesso mais uma vez, que foste a primeira a me fazer passar por isso, como por tantas outras coisas. Foi uma conversa, uma discussão, um desabafo. Assumir a culpa do que não podia mais dar certo. Nem pra mim, nem pra você. Foi natural, me atrevo a dizer. Tantos medos eu tive, tantas vezes me mantive calada, querendo evitar todo esse desconforto do “break up”. Mas foi inevitável. Sabe? É o curso do rio, mesmo que ele não queira, sempre tem uma queda no meio do caminho.

Não teve dor. Mágoa. Tristeza. Essas coisas grosseiras que preenchem o momento do adeus, cheio de rancor no peito por perder aquilo que mesmo não querendo, a gente ainda quer que seja nosso, somehow.

Aí você bateu a porta do carro, foi embora chorando. Eu me dei conta de que aquilo era o melhor, como você sempre dizia, pra mim e pra você. E que no final tudo ia sim ficar bem. E vai. Eu liguei ontem pra você, pra dar boa noite. Foram 30 minutos de sinceridade, sentimento, confissões. Eu não queria deixar você ir. Eu amo você, e você sabe como o amor pode ser traiçoeiro. A gente esteve em tantos labirintos juntas, passou por tanta coisa nessa vida cheia de músicas que me lembram você. Falando assim, até parece que foi fácil. Vejo, como se fosse um curativo. A gente nunca quer mexer, porque dói, incomoda. E a melhor forma de se livrar dele, é arrancar bem rápido, em um segundo. Doeu? Um pouco. Mas a gente quase não sentiu a separação.

Você vê? É que de repente ficou tão claro que tinha que ser assim. Tão claro quanto era de que eu tinha que ser sua. Eu sou. Sempre vou ser. Aquela coisa toda de fechar ciclos pra abrir um novo, eu sei. Você me explicou e eu concordo. Mas eu to aqui, contigo. A vontade de ter você perto, te ver sorrindo e ser a causa e o efeito da sua felicidade relativa, das suas crises temporárias, do seu mau humor, do teu medo e tua insegurança. Eu sou tudo isso. Você também é. Lembra que eu dizia, o que me agrada em nós duas, é que a gente é. E even though Love is not enough, você sempre vai ser enough pra mim. E a gente vai continuar sendo. Eu não terminei de te querer. Te quero pra sempre. Essa jura de amor eterno você tem. Essa força que você ganhou em 8 meses de convivência diária, acordando e dormindo do teu lado. A paciência que você me deu, e a novidade que eu trouxe pra você. Disseram que a gente se encontrava em um ponto, onde eu encontrava a calma e a paz em você, e você encontrava em mim a vontade de viver, alegria. É, foi bem assim mesmo. E foi além disso. Então, meu amor, essa carta não é de despedida, nem de adeus. É um até logo breve. Te vejo em alguns minutos de novo, e a nossa rotina vai cuidar da gente. Se algum dia você perguntar se eu sinto sua falta, você vai saber a resposta. Você já sabe.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Correnteza

"...Tudo isso dói.
Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois.
Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto:¨Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?¨È o que estou tentando vivenciar.
Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis,becos-sem-saída.
Nada é muito terrível. Só viver,não é?
A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.
Porque não estou fluindo."

Doce que queima

"Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro) sempre batem a cauda três vezes, como se estivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja a sua maneira desajeitada de dizer: que seja doce."

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Um querer informal

Me deparei com o papel. Um branco ofuscante, me deixava cego. A luz refletia e levava embora tudo que antes pipocava em minha cabeça. Todas aquelas vontades passageiras, que muitas vezes não eram tão passageiras assim. Desperdiçava pouco tempo com elas, porque não podia levá-las adiante. Até podia. Eu era dessas pessoas, que acreditava que vontade era tudo, sabe? Se você quer, você pode. Você é assim também?
E nessa de querer o mundo, em perdições e sonhos, eu cheguei aqui. Encontrei a maior delas todas, que de forma diferente me bateu, me esfolou, e com sua delicadeza me trouxe no colo. Eu passava pela sua rua todo dia, de manhã de tarde, de noite. Fosse pra te ver, ou só pra te querer mesmo. Queria muito.
As pessoas vinham sempre na contra mão, esbarrando em mim e nos conceitos em que eu acreditava, onde tinha a boca cheia do teu nome, que esse eu não esquecia.
Era repetitivo, um labirinto. Uma auto sabotagem das boas. Eu contra eu mesmo, contra você depois. Era gente demais.
Uma vez alguém me trouxe uma rosa, e disse que ela seria pra sempre da cor dos meus lábios. Hoje, a rosa não existe mais, e o vermelho que um dia me deu vida, hoje me traz um coração ensanguentado.
Ah, coração. Não percebes que não importam as palavras, não importa o tempo nem os outros. O que importa é a vontade.
E isso pra mim, não falta.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Chaos of Trouble


Aparentemente o intacto era vulnerável. O líquido cortava a garganta rouca e os lábios rachados de frio aprendiam a pronunciar qualquer coisa que fosse de encontro com a novidade. A transparência era dominante, e dentro, tanta coisa escondida. É que o limite se encontrou branco, chegou a hora de ser a contradição. Parar de gritar, silenciar o tornado que passou e organizar tudo de novo. Mais um ano da vida inteira nivelado à emoções doloridas. Como um tumor, cresceu alimentado pela confusão e pela dúvida, o medo do ponto fraco.

Tudo ao mesmo tempo. Tudo tão rápido. As noites pareceram intermináveis por tantos dias, mas agora não. Busca o controle, que sempre foi o foco. Mas não os outros, deixa de ser assim, dominante por completo. O mundo corre contra ou com você, é uma questão de escolha. Então olha o espelho, mas olha direito. Vê o que ficou embassado. Sem mantras ou redenção, encara a realidade com seu olho da frente. Se abre, encontra a busca motivada por tudo que já foi. E muda. Muda com o mundo, porque quando a gente muda, o mundo muda com a gente.

sábado, 11 de setembro de 2010

Sobre Projeções e Controle


"...Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender..."

domingo, 5 de setembro de 2010

Veja só


Hoje eu acordei com você. Abri os olhos e ouvi tua voz, baixinha, me dizendo que era hora de despertar. Consequência disso, veio o sorriso, que belo dia pra se apaixonar. Me conquista todos os dias, em momentos despreparados, quando vejo teu reflexo eu desequilibro. Acontece dia e noite e as vezes eu perco a fala. Fico sem saber por em palavras o que tanto passa pela minha cabeça complexa e agora diagnosticada. O medo de ir longe demais, de errar na pontuação e fazer da declaração um motivo pra você ir embora. Isso não sinto mais, confesso. Você me deu confiança e me mostrou que por mais desajeitada que fosse, estaria comigo. Me amando menos, me amando mais. A gente vivia junto, isso que importa. Fica comigo, eu dizia pra você. Terminava o dia desejando boa noite, desejando você, com sede do beijo que me alimentava. Por muito tempo não soube explicar, meu jeito te deixou apressada e o frio me engasgou. Eu ia contra a minha vontade e você me afogava no silêncio. Sabe, eu queria te dizer que não ligo. Eu volto pra casa, te deixo oxigênio limpo. Porque isso não me tira de você. Amor é assim, vento bate e muda tudo. Mas é amor. Ainda. Hoje eu vou dormir sem você. Mas amanhã,
amanhã é outro dia.

E você, você é o amor.