quarta-feira, 26 de junho de 2013

Play

Enquanto o filme passa na tv, você se perde na história confusa de amores, aventuras e traições. Eu, calada, me perco em você, de novo e sem querer. É que outro dia te disse que nosso amor era diferente, e acho que você concordou. É que dormir e acordar com você dia sim e outro também, me faz querer a nossa cozinha vermelha, nossa coleção de dvd's, nosso filhote roendo o sofá e a sua bagunça jogada pelo quarto. É que o meu ciúme na verdade é só medo de te perder. Meu controle é todo pra te manter feliz, e conseguir fazer o sol nascer até no meio das nossas tempestades. É que nada me faz melhor do que te fazer bem. É que ser cafona não se faz suficiente a tudo que sinto e a persistência do amor de te dizer toda noite e toda manhã, que te amo cada vez mais. É que os dias passam e parece que nosso calendário anda pra trás. É que a biologia errou quando comprovou que paixão tem data de validade. É que sou completa e perdida - e muitos outros sufixos "mente" - por você. É que te quero perto mesmo quando digo que não. É que o que tenho aqui dentro não se compara. Mesmo você tendo um péssimo jeito de escolher filmes que tem uma sinopse ótima mas terminam sendo uma porcaria, eu te amo um pouco mais do que amava quando você apertou o play. E agora que acabou posso te dizer olhando pra você: amo você.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

vinte e um de junho de dois mil e treze

Sabe Léo,

Fiquei um tempo sem te escrever porque o tempo aqui tem andado rápido. Mas hoje sonhei com você, e resolvi matar um pouco a saudade.
Como você tá muito longe, acho que não sabe o que tá havendo. Tá uma confusão, Léo, que você não imagina. As pessoas estão indo às ruas todo dia, de cara pintada e bandeira nas costas. Tão manifestando contra o governo, e dessa vez parece sério. Dá um orgulho de participar do movimento. Não se fala em outra coisa há pelo menos uma semana. Acho que você ia gostar de estar aqui pra ver.
Tirando isso, todo o resto tá igual. O tempo tem passado mais rápido, ainda não sei por que. Essa semana então, foi toda em vinte e quatro horas. Hoje já é sexta feira e não parece, não.
Queria ir a feira. Passear pela rua com calma, de manhã cedo. Lembra quando a gente saía sem rumo, Léo? Tinha sempre um buquê de flores esperando a gente. Tô sentindo falta delas. Das flores.
Mas sabe que tô me achando melhor? Da última carta, te disse que eu tava precisando ficar tranquila. Acho que to conseguindo. Acho que isso se consegue aos poucos, não é, Léo? E é engraçado como sei controlar tanta coisa direito, mas a mim mesma, ás vezes escapa.
A noite de hoje tá fresca. Tem um vento calmo vindo da praia. Quando ele entra aqui em casa, dá até pra sentir o cheiro do mar. Tô sentindo falta dele também. Do mar.
Não sei se vou dormir bem hoje não. Nessas noites que se junta energia e não se tem pr'onde ir, termino me revirando no edredon. Mas aí, qualquer coisa eu escrevo outra carta pra você. Porque mesmo quando eu não tenho o que falar, consigo te escrever.  

segunda-feira, 10 de junho de 2013

dez de junho de dois mil e treze

Sabe Léo, tô ouvindo uma música tão calma agora. Pensei em te escrever pra aproveitar a calmaria. Tô tentando me acalmar, na verdade. Ficar mais tranquila. Usar essa energia que ficou na moda de repente, pra buscar uma evolução. De quê, eu ainda não sei bem. Eu mesma, talvez. Tô precisando muito, sabe. Dessa melhora, dessa energia, da calmaria que lhe falei. É tudo tão confuso, Léo, que ás vezes me vejo perdida no ponto de ônibus sem saber pr'onde volto. As pessoas todas andam tão rápido pelas ruas, ás vezes até se esquecem de olhar o farol, e vão se atropelando pela faixa, ou até mesmo fora dela. Isso não te assusta? E ainda assim, penso que elas são mais achadas do que eu, já que mesmo com tanta pressa e sem muita consciência do que fazem, sabem exatamente pr'onde se vão.
Eu tenho uma teoria, Léo. Acho que já falei dela pra você. Sempre te disse tudo, e uma coisa dessas acho difícil ter escapolido da gente. Acho que toda pessoa nasce com um dom. Pode ser coisa boba ou coisa monstra. E ás vezes, as pessoas demoram pra encontrar, até pra saber, que elas tem esse dom. Acho também que criei essa teoria só pra continuar acreditando que, em algum dia, eu ainda hei de achar esse dom. Porque só ser maluca não pode ser tudo. Deve ter algo mais. Você não acha?
Sabe Léo, eu queria que você tivesse aqui agora. Aí eu não ia precisar escrever essa carta toda e ia poder pegar sua mão e sentir teu cheiro, bem pertinho. Perto é tão melhor.
A distância tem sua beleza. Seja lá o aprendizado ou a paciência que ela traz, acho ela bonita. E tô precisando disso, do aprendizado e da paciência. Além da calmaria, da qual já te contei. Você é calmo, Léo? Que é eu sei, você é libriano e te conheço talvez melhor do que a mim mesma, mas quero dizer, você se acha calmo? Porque tantas foram as vezes que me achei algo e que fui contradita por outr'em. As vezes parece que podemos ser tantas pessoas em uma só. Tenho tentado evitar isso, também. Essas tantas personalidades que vivem em mim. É tanta informação, tanto sentimento, não sei como que um coração dá conta de tudo isso. Se você tivesse aqui ia dizer "Mas ele dá, Laura. Dá conta sim.". Acho que é por isso que sinto tanto essa distância. Porque mesmo que meu dom seja a loucura, você nunca fugiu dela. E isso sempre me fez gostar muito de você.
Sabe, Léo