sábado, 26 de dezembro de 2009

Desabafo

Por lá era tudo mais calmo. Do outro lado. Quando se ultrapassava as fronteiras, não se ouvia mais nenhum ruído. Era uma surdez agradável, que cuidava de afastar toda a turbulência das palavras e dos pensamentos. Fazia frio, e a pele sensível tinha os pelos eriçados para proteção do corpo. Mas a temperatura interna era maior do que a do dia mais quente do verão. Ela andava incandescente, com o fogo consumindo tudo que tentava se manter erguido, inclusive as promessas. Era uma completa devastação. A contagem regressiva que insistia em lembrá-la da hora, não deixava que se entregasse por completa. As suposições eram controladoras, e ela se entregava contra sua vontade, que era de se libertar. Deixa ser. Como vier. Como for. Um dia vai acontecer. Eu vou lembrar de você. Mas, só posso lembrar se um dia eu esquecer. As conectividades do mundo são tantas, que a memória é esquecida dentro da correnteza de acontecimentos que ficaram para trás. A partir daí, é preciso coragem pra concretizar as vontades. O tempo traz isso. O tempo traz o que é preciso para sobreviver. O tempo me traz você?

Um comentário:

  1. Este eu realmente amei. Já estive nessas situações, em várias acima descritas, em ambos os lados.
    Gostei muito do seu blog, passional.
    parabéns.

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