sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Carta


Hoje recebi uma visita. A insônia apareceu como que sem motivo. Tive uma noite agradável, troquei palavras com ombros amigos e me senti um pouco mais completa. É, que como você sabe depois da separação eu tenho buscado isso. Me sentir inteira novamente, regenerar o pedaço morto que ficou pra trás. Um pouco exagerado falar assim, sei que você sempre fala pra eu não ver dessa forma que tudo vale a pena. De fato valeu. Mas você também me conhece e sabe que eu preciso de pouco tempo pra me remontar e correr pra outro abraço. Se é ponto final que eles chamam, é por um bom motivo.
Então depois dessa noite eu resolvi te escrever. É que foram conversas tranquilas as da noite, e pensei em você. Adoraria estar lá para dar palpites e conselhos sobre as filosofias de vida e romances bobos que tiram o nosso sono.
Não sei se já falei isso vezes o suficiente, mas sabe que me conforta um bocado a certeza de você? É. Essa coisa toda de eu te escrever e saber que você tá me lendo, assim, com toda delicadeza da vírgula e a ênfase do parágrafo.
Explorar as coisas foi uma coisa que você me ensinou. Ir até o fundo e não sossegar enquanto não conseguir. Pois é. Acho que isso eu aprendi tão bem, que agora nada que é pouco ou parece superficial me satisfaz. Culpa sua.
Nessas últimas noites eu tenho ido dormir meio calma. Até hoje. Isso tava faltando, lembro bem de você avisando isso. Como a falta de calma poderia me deixar desequilibrada. E não é que deixou?
Enquanto eu tava na rua nessa noite entrei em uma livraria. Vi tantas palavras. Senti texturas e vi rostos diferentes que buscam a mesma direção.
Nessa noite de fumaça e muito matte, porque eu ainda sou viciada em matte como você lembra, eu aprendi tanta coisa. Concretizei sentimentos que estavam quase certos mas não maduros ainda para serem desamparados pela insegurança.
É sempre bom quando você tem alguém pra ouvir. Alguém pra falar. Dividir essas coisas bobas da vida, como livros favoritos, últimos atos ou até física quântica.
E eu tenho, tenho você. E sempre que penso nisso vem uma onda de calor. Calor quente, morno, tranquilo. Mas já falei de tranquilidade hoje.
Amanhã eu te escrevo de novo.
Porque tem coisas que eu pensei hoje mas acho que ainda não estou preparada pra falar.
Passei em lugares que me fizeram lembrar. E deu uma saudade.
Já era pr'eu ter aprendido, eu sei. Imagino agora você fazendo aquela cara sua com os olhos virados pra cima. Mas não quero. Não quero endurecer e parar de acreditar.
Isso vocâ também me ensinou, lembra?

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