quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Neurose do Século


Na mesa do jantar hoje, meu pai trouxe à tona um assunto que, particularmente denomino de "neurose do século", mas a maioria das pessoas chama apenas de depressão.
Um assunto que bateu todas as cotas e superou as expectativas, e que apesar de Freud e suas teorias sobre o inconsciente existirem desde 1870, temos que admitir que a globalização ajudou relativamente a disseminação da doença.
Um questionamento histérico do eu, não respondido e alimentado por questões ainda mais confusas, como a procedência, a direção e o motivo da existência. Por que?
Disse ao meu pai que no ano passado, ano recheado de turbulências pra mim, conclui que a ignorância seria na verdade, uma bênção. De fato! Já ouvi mais de uma vez aquela frase de quem se faz de forte e não entende a depressão, ou simplesmente não aceita o tempo perdido:
"Pobre não tem depressão."
Verdade.
Mas não tem por que? Talvez porque a vida na essência seja feita para ser vivida, e não questionada. Seja feita para ser superada e não desesperada. Feita para ser sofrida no seu limite, apreciada nas suas pequenas coisas, e sem tempo pra ser desperdiçada.
Não me entenda mal! Não acho o conhecimento, os estudos e uma boa sessão de análise uma perda de tempo... Mas confesso que sem isso tudo, talvez a vida fosse... não sei, mais leve?
Meu pai é uma dessas pessoas que não entende a depressão. Além disso, ele não aceita. Cabeça sempre erguida, energia pra continuar, seja pr'onde for. Determinado até dizer chega, é um guerreiro nato desde sua infância, aquela vida clássica de palmadas por trás de uma família estruturada e feliz. Admiro ele bastante, claro. Mesmo me encaixando no cliché "pai herói", eu me orgulho disso. Mas apesar de tudo, acho que falta um pouco de sensibilidade. Ele é um pouco incrédulo, gosta de acreditar no que é verdade, mas só pra ele.
Eu era um pouco assim. Talvez muito. Geneticamente ou não, eu puxei muitas coisas desse pai.
Mas são coisas engraçadas que a vida faz com a gente, e hoje a nossa relação é meio ao contrário, eu sirvo de base pra ele, enquanto ele se diz perdido na vida, sem respostas.
A depressão dos dias de hoje, é uma realidade. A busca do auto conhecimento se faz necessária por crises, surtos ou simples devaneios diários, porque atualmente a gente consegue rotular tudo - e todos.
Talvez a neurose do século seja um pouco mistificada. Acontece com todo mundo, cara! Ele perde o emprego, a amiga perde o avô, a irmã leva um pé na bunda do noivo, o cachorro tem câncer e morre, a conta do banco tá negativa ha meses, você briga com a sua melhor amiga, a comida do restaurante veio fria...
Problemas!
Esses não faltam. Problemas, sentimentos, expectativas, decepções...
Fatores que preenchem uma vida, que fazem dela um verdadeiro aprendizado. Tenha você medo de pegar o metro sozinho, ou que não consiga comer o seu prato, que tenha visões noturnas, crises de ansiedade ou se afogue no álcool ou em drogas para escapar dessa realidade - insana realidade.
O mundo em si, virou uma loucura!
Acho que é por isso. As pessoas perderam o foco. Esqueceram o que é de fato um problema. Não olham mais pro lado. Só sabem julgar e esperar, querer e ordenar, e por consequência se desesperar. Calma pessoal!
É só o começo.

Um comentário:

  1. Muito boa definição... concordo com você. A gente sempre bota ênfase nos problemas, em vez de simplesmente superá-los e seguir em frente. Cada obstáculo é um nó quase cego quando aparece na nossa vida, e depois que o desatamos percebemos que nem era tão complicado assim, não é mesmo?

    :)

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