quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Maré da meia noite

A madrugada passava, mas aqueles pensamentos não. Seria mesmo tudo perecível? Uma data pré determinada pelo que gostamos de chamar de destino, para justificar o caminhar desarrumado das coisas que fugiam de nosso controle. Simplificávamos a vida, tentando não se preocupar ou não culpar nada nem ninguém, "algumas coisas acontecem, e não necessariamente do jeito que esperamos" - diria meu pai. Ele tinha razão. Algumas, e as vezes muitas, das coisas pelas quais passávamos, não fariam sentido algum. Era como tentar desvendar uma equação de álgebra com três variáveis, cinco expoentes e nenhum resultado. Não temos comparação, referência ou ponto de encontro. É, porque é, e acabou. As nossas questões infantis, que vinham sendo desiludidas, reformuladas e substituídas, deveriam ser - e apenas ser - aceitas. Expectativas quebradas em inúmeros retalhos, sofrimentos amargurados e psicologias de bar jamais seriam suficientes para designar alguns dos mistérios - míticos, astrológicos ou espirituais - pelos quais éramos obrigados a nos submeter. A maré leva você, se dormir demais. A maré afoga, se esquecer de respirar. A maré te puxa de volta, se você deixar.

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