terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Temos a eternidade, não temos? A realidade não importa.

A fumaça do meu cigarro ficava mais densa a cada tragada. A garganta arranhava, pedindo mais. Fosse o frio que fazia lá fora, ou o calor que se instalava no pulmão, eu estava viva. A vida segue em uma cascata de clichés repetidos, e o tempo surte o seu efeito maestral de impelir o inevitável em cima de todos nós.
Fosse o meu nome no verso do teu cartão de embarque, a lembrança que queimava junto às turbinas ligadas enquanto você se distanciava, os sonhos que se repetiam, o desejo que não cessava, eu estava esperando.
Os dias passam, aqui ou em Paris. As horas - um pouco adiantadas pra você e retroativas pra mim - brincavam de acelerar os ponteiros para que seu desembarque se fizesse, às pressas.
As cicatrizes apareciam, aos poucos. Regeneração.
O copo suado de vinho permanecia na cabeçeira, a tinta no corpo, também.
Gostava de usar as vírgulas como havia aprendido com você, pausadamente, sem pressa.
Não corro mais. Não tenho muito onde chegar, se não na hora do café.
As fugas mudaram um pouco. Aguardo ansiosa o livro que comprei, chegar pelo correio. Acho que já falei disso pra você, como adoro receber embrulhos pardos endereçados.
E ainda assim, existe tanto que você não sabe.

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