terça-feira, 17 de setembro de 2013

Carta III

Sabe, Léo
Mais uma vez fiquei tanto tempo sem aparecer. Tempo esse que se desfez nas horas, e passou tão rápido como o inverno, que nem frio fez.
No domingo eu fui à igreja, teve batizado. Rezei por você quando tava lá. Te peço o bem, sempre. E sinto saudades ainda.
Por aqui, não tenho muitas novidades. Tenho sonhado com você, ás vezes. É engraçado como mesmo com o tempo correndo com o vento, eu continuo tendo você aqui, mesmo que só durante a noite.
Sabe, Léo
Meus sentimentos têm me surpreendido. Tive uma semana complicada outro dia. Inteira ela aconteceu, e parecia um ano chato que não queria sair do calendário. Fiquei estagnada sem conseguir me entender, e você sabe como eu fico quando não entendo as coisas. Fiquei apática, com medo. Não tinha confiança nenhuma, me sentia solta, sentada em um balanço que ia muito rápido, sem dar tempo de segurar na corrente. A iminência da queda me perseguia. E ainda não sei como consegui descer de lá.
Sabe, Léo
Esses sentimentos que aparecem de repente - me engano ou compreendo - parecem vir do alinhamento das estrelas. Os planetas brincam comigo e em cada fase de Mercúrio eu aprendo um pouco mais de mim. Quando saturno resolve dançar perto de Urano, eu fico assim, perdida na imensidão utópica da ilusão, e demoro pra me desprender da sensação abstrata da vida.
Sabe, Léo
Difíceis são tempos assim. Quando se perde o controle e é preciso manter o curso, correndo. Imagino que você tenha tido esses momentos, também. E por isso, consigo desabafar com você, e só com você. Porque de resto, parece sempre vitimização, e você sabe o que eu acho sobre sofrimentos exacerbados e penalidade própria.
Sabe, Léo
Te escrever me faz bem. Dividir isso tudo com você, mesmo que sem uma resposta física, sempre parece me deixar leve, e tirar um certo peso dos ombros que preciso carregar todas as manhãs. Por enquanto, vou levando. Espero te escrever logo. E vê se aparece, nos sonhos de mais tarde, quem sabe.

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