sexta-feira, 9 de outubro de 2009

De Volta Pra Casa

O tempo limite tinha chegado ao final. Tudo aquilo que ficara preso por uma barreira invisível, hoje vinha à tona. A indignação era tamanha que não conseguia ficar calada. Qual era o sentido daquilo tudo sempre foi a questão indecifrada. Cada dia, cada hora, tudo ficava mais e mais embassado. A respiração se mantinha estável, e os batimentos também. Não havia nenhum sinal de distúrbios graves a não ser o de sentir. São tantas pessoas perdidas pelo mundo, uma só não era o suficiente para explicar toda a confusão. Talvez fosse possível chegar a algum ponto racional. Mas todos eles, e dessa vez sem exceção, só levaram a mais perguntas e mais dúvidas. Aceitar tudo, seria de uma passividade nata. Era tanta informação vista, recebida, entrgada. Tantas palavras em meio de um mundo repleto de acomodação, medo e covardia. Finalmente conseguia expressar alguma coisa concreta. Em parágrafos de confissões ficava explícito que quanto mais se queimava, mais estava perto do fim. Um fim inventado, que sempre acontece. O som da datilografia confortava uma coisa que não conseguia ser exposta de outra forma. Há tanto tempo é assim, da forma que as pessoas estão acostumadas. Tinha encontrado a exceção do que era entendido desde os primórdios, de início meio e fim. Hoje, o que não tinha mais fim em sua cabeça teria um epílogo complexo e uma loucura iria explodir. Era pra ser assim. Não era. Tudo acontecia independente de como tivesse que ser. O tempo não parava, o sol permanecia quente, as estrelas mortas e ainda assim conseguíamos enxergá-las. E era como queria, ser uma estrela. Mas estaria ela, também morta? Brilhando ainda, sendo vista, existindo em sua natureza, mas somente em sua natureza. O seu interior era um fundo profundo. Sem explicação ia de encontro ao nada, sempre na mesma direção. Buscando um sentido para tudo que era dito, feito, aprendido. A vida sim, tem um fim conhecido, apavorante para tantos, mas certo. A primavera termina porque o sol vai ficar mais perto e aí já é verão. O inverno é contraste de tristeza pela falta de cor, excesso de vento. Tudo estipulado, regrado. Um mundo feito com bases filosóficas mas que ninguém sabe o valor dos pensamentos. A imortalidade deveria ser concedida a seres que soubessem avaliar. As pessoas aceitam o amanhã com uma facilidade que me impressiona. As vezes invejo. Se não tivesse essa mente possuída, a essa hora da manhã eu provavelmente estaria sonhando com alguma coisa registrada no dia anterior, como mais da metade do globo está fazendo. Mas, tudo que consigo, é tentar de alguma forma me consolar, me encontrar em alguma coisa forte, que me mostre o caminho de volta. O caminho pra olhar e saber brilhar sendo quem sou, não precisando fingir-me mórbida e me usar de metáfora uma estrela que já não existe mais. Que o brilho volte, e o universo se exploda. Desejar algo tão trágico ou tão novo, não pode ser errado. Eu acredito que não é pecado.

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