Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo
muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até
um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo
muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns
relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e
trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico
pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa,
baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio
piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar
e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis,
nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono.
Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns
versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: "Não digas 'Eu sofro'. Que é
que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/ que era sofrer ?".
Caio F. (Sempre Teu)
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