terça-feira, 18 de setembro de 2012

Quando não se tem o que se vê (quer)

Pessoa hoje me acordou com palavras doces. Dicas de um sábio desfalecido que após inúmeras tentativas de explicar ou se apaixonar, morreu amando todo o amor que sentiu.
Pessoa hoje me acordou falando, "sossega coração". Eu prometo que tento, Fernando. As adversidades estão aí, emplacando nossas contradições e nos levando a direções tortuosas quando nem ao mesmo se sabe onde quer chegar.
Pessoa hoje me acordou tentando me alertar, "quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala", mas já era tarde. Não me vejo com posse de nenhuma delas, armadilhas astutas que me consumiram. Me acabaram. Isso é revelado, desvendado, como a retina de mim que reflete todo o caos, impossível de não se ver.
Pessoa hoje me acordou falando de morte, "O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.". Ele já sabia quando falava dela, que a cada ganho significa também uma perda enorme. A perda, que muitas vezes, me soa como uma exímia solução dos meus quereres e confusões, amortecidas pelo viver, a-morte-cidas.
Pessoa hoje me acordou explicando que o ser humano é imperfeito. E que nisso, existe uma incessante busca pelo entedimento inalcançável por natureza. E que por isso, carregamos um sofrimento tenro de não chegar onde supostamente devemos. E onde é exatamente?
Pessoa hoje me acordou, quase implorando, "Sossega, coração, contudo! Dorme! O sossego não quer razão nem causa. Quer só a noite plácida e enorme. A grande, universal, solente pausa. Antes que tudo em tudo se transforme."
Ah, Fernando. Se eu conseguisse sossegar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário