sexta-feira, 21 de junho de 2013

vinte e um de junho de dois mil e treze

Sabe Léo,

Fiquei um tempo sem te escrever porque o tempo aqui tem andado rápido. Mas hoje sonhei com você, e resolvi matar um pouco a saudade.
Como você tá muito longe, acho que não sabe o que tá havendo. Tá uma confusão, Léo, que você não imagina. As pessoas estão indo às ruas todo dia, de cara pintada e bandeira nas costas. Tão manifestando contra o governo, e dessa vez parece sério. Dá um orgulho de participar do movimento. Não se fala em outra coisa há pelo menos uma semana. Acho que você ia gostar de estar aqui pra ver.
Tirando isso, todo o resto tá igual. O tempo tem passado mais rápido, ainda não sei por que. Essa semana então, foi toda em vinte e quatro horas. Hoje já é sexta feira e não parece, não.
Queria ir a feira. Passear pela rua com calma, de manhã cedo. Lembra quando a gente saía sem rumo, Léo? Tinha sempre um buquê de flores esperando a gente. Tô sentindo falta delas. Das flores.
Mas sabe que tô me achando melhor? Da última carta, te disse que eu tava precisando ficar tranquila. Acho que to conseguindo. Acho que isso se consegue aos poucos, não é, Léo? E é engraçado como sei controlar tanta coisa direito, mas a mim mesma, ás vezes escapa.
A noite de hoje tá fresca. Tem um vento calmo vindo da praia. Quando ele entra aqui em casa, dá até pra sentir o cheiro do mar. Tô sentindo falta dele também. Do mar.
Não sei se vou dormir bem hoje não. Nessas noites que se junta energia e não se tem pr'onde ir, termino me revirando no edredon. Mas aí, qualquer coisa eu escrevo outra carta pra você. Porque mesmo quando eu não tenho o que falar, consigo te escrever.  

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