quarta-feira, 13 de maio de 2015

911

911. Novecentos e onze.
Novecentos e onze dias, vinte e uma mil horas e mais de um milhão de segundos.
Isso é só a matemática. Hoje, no dia treze de maio de dois mil e quinze, completamos dois anos e meio - ou novecentos e onze dias - desde o nosso primeiro beijo. Passou rápido, hein.
Você ainda lembra como foi? Você lembra de onde a gente estava, qual roupa que a gente usava e do cheiro do perfume? Você lembra que horas eram? Bom, eu lembro. De muita coisa. Então, deixa eu te contar o que ainda sei sobre novecentos e onze dias atrás.
Era uma terça feira normal no trabalho, mas já estávamos animadas porque tinha um happy hour marcado. A banda da empresa ia tocar e vários amigos estariam lá. Perfeita desculpa pra eu sair, ser sociável com a "galera do trabalho" e não precisar chegar cedo em casa. Foi o que eu fiz.
Saímos as 18 em ponto, pegamos meu carro, andamos alguns quarteirões e paramos de novo. O nome do lugar era "Pistache", e ficava no mesmo bairro do trabalho. Chegamos em quinze minutos. E aquele frio na barriga tava só começando a crescer. A noite nascia de uma forma feroz, instintiva e tudo era muito natural, apesar de não dever ser. Era um frenesi óbvio, sentido por nós duas. Mas a insegurança e o mistério alimentavam a agonia do que estava por vir.
A promoção da casa era dose dupla de Stella. Bebemos um bocado, e se me lembro bem, até tomamos tequila! Claro, pra uma noite dessas, nada melhor do que tequila. A banda começou a tocar, nós pulamos, dançamos, liberamos um pouco da adrenalina que suava pelas veias, e as horas passaram. E aí, chegou a hora de ir embora.
A gente, se enganando, dava um passo atrás do outro fingindo que não ia pra lugar nenhum. Chegamos no meu carro, entramos, e eu segui o caminho que fazia todos os dias: o da minha casa. Você seguia se enganando, dizendo que ia "me deixar em casa" e ia pegar um taxi pra ir embora. E eu deixei você se enganar, fingindo que estava sendo enganada, também. Mas todo mundo sabe que não foi isso que aconteceu.
Deixei o carro na garagem, e fui na rua, te acompanhar até o "taxi". Mas, o taxi virou o outro lado da rua. Mais precisamente a grade verde do prédio da frente do meu. Pra compor a cena hollywoodiana, a chuva começou a cair. E ali, desse jeito, encharcadas de chuva e prensadas contra uma grade verde, no meio das ruas do Leblon, a gente teve o nosso primeiro beijo, ha novecentos e onze dias atrás. Depois de quase uma hora em pé e molhadas - você quase com pneumonia de tanto frio, mas vai, você disfarçou bem - a chuva parou e a gente resolveu dar uma volta na praia.
CLARO! Ideia genia das duas da manhã - passeio na praia abandonada em plena madrugada carioca. Quem é que tava pensando? Eu não, eu tava completamente sedada. Anestesiada. Não sentia nada, a não ser você. Só conseguia olhar pra você e lembro de não conseguir parar de sorrir. Nada fazia sentido naquela história louca - eu não sabia o que ia acontecer no dia seguinte, você achava que eu tava só de pegação com você - e a gente deu as mãos e foi pra areia, ver as ondas baterem na costa, encher nossos sapatos de pequenos grãos, e sentir um pouco mais de frio com o vento do oceano! Que delícia.
Depois de muitas horas de conversa, amor (sem que a gente assumisse, ainda), apertos, beijos (muito molhados), era quase de manhã, e como bem falei lá em cima, era terça feira. Ou seja, a gente trabalhava no dia seguinte!
Peguei meu carro de novo na garagem e me aventurei as cinco da manhã, - vendo os raios de sol começando a se espreguiçar - cruzei o Rebouças pra deixar você em casa (hoje, casa dos seus pais). Eu queria ser gentil, queria te conquistar mais, queria manter a nossa distância - no máximo 40 cm, você sentada no banco do carona, e só. Queria continuar sentindo a sua respiração, queria te beijar de novo e de novo, e mais uma vez. E queria mostrar pra você que aquele era o nosso lugar - juntas.
E desse dia em diante, isso cresceu. A gente cresceu. A gente descobriu, amou, viajou, beijou, brigou. A gente conquistou o mundo - o nosso mundo. A gente até casou e mudou de nome! Você acredita? Eu as vezes ainda me pego meio confusa, querendo saber se isso tudo aconteceu mesmo ou se eu inventei. Mas é verdade, você tá aqui. Você tá aqui comigo. E eu te amo mais a cada dia, ainda, por isso. Eu quero que esses novecentos e onze dias continuem se multiplicando, e que você continue com a certeza que sentimos naquele primeiro beijo, na madrugada do Leblon. Que eu te quero perto, e agora, te quero pra sempre.





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