sexta-feira, 6 de março de 2015

Sobre Mulheres e Liberdade

Hoje na hora do almoço, vaguei pelos canais da tv a cabo e por falta de programação, acabei parando na FOX, que reprisava um episódio de Glee, um seriado que aborda diversos temas de jovens adultos mas com um fundo de musical da Broadway. Ou seja, não tem como não se apaixonar. Anyway, no intervalo comercial surgiu uma propaganda anunciando os filmes especiais que estariam em cartaz no dia 8 de março, dia internacional da mulher. A surpresa foi quando todos os três filmes citados, na verdade, tinham homens como protagonista. A sacada deles era algo querendo dizer que as mulheres são tão geniais que até os homens querem ser como elas. É, eu concordo. Homem que se preza deve no mínimo admirar a força feminina, mas, vamos com calma. Se no único dia que é dedicado à nós, mulheres, temos uma programação "especial", e dentro dela temos homens interpretando os nossos papéis? Homens se vestindo de mulher (e não por opção, não por gênero, não por sexualidade - apenas pra comédia) Não faz sentido. Existem inúmeros filmes de boa qualidade, com bom roteiro e com uma atriz como protagonista, não precisamos deles pra mostrar como pode "ser legal" ser mulher.
Quando tive esse questionamento, pensei "tá, to exagerando, é só um comercial". Mas quer saber, é aí que mora o perigo. Estamos tão acostumados a olhar sem realmente ver, a ouvir sem prestar atenção e a deixar pra lá quando sabemos que talvez aquilo não mude, que a nossa saída é a inércia. Ficamos estagnados, indignados e pseudo conformados com o mundo, mas o pior de tudo, ficamos calados. E isso cansa.
Para somar à insatisfação da mídia, logo depois quando atualizei meu instagram, dei de cara com outro desconforto. Acontece que uma das apresentadoras do programa Saia Justa da GNT, Astrid Fontenelle, fez uma confidência no último eposódio que foi ao ar nesta quarta feira (4). Ela tomou coragem e contou ao público que já tinha feito um aborto, quando tinha 18 anos, e que tinha vendido uma jóia da mãe para pagar o procedimento. Pronto. Ela conseguiu. Tocou no assunto Tabu do Brasil. E, felizmente, a maior parte das manifestações foram positivas! Pessoas mandando mensagens de carinho, falando que ela era corajosa, e mostrando seu apoio. Que bom que ainda têm gente que pensa. Aí eu caí na besteira de ler alguns comentários do instagram dela (@astridfontenelle) e me deparei com umas mulheres machistas, provavelmente evangélicas, ingorantes e hipócritas. E de novo, isso cansa.
Eu queria saber por que a responsabilidade de comprar/lembrar da camisinha (um dos comentários falava disso) é considerada única e exclusiva da mulher. Por que a culpa da gravidez indesejada é despejada em cima das mulheres? - Como se ela fizesse filho sozinha. Ou melhor, com o dedo. Por que as mulheres se preocupam diariamente em lembrar de tomar a pílula anticoncepcional sozinhas, dividindo a responsabilidade com o alarme do celular. Eu queria saber por que qualquer pessoa acha que tem o direito de opinar na vida, no corpo, na mente da outra. Eu queria saber por que os homens que viram as costas pra uma mulher grávida são covardes assim. Queria entender como algumas mulheres se submetem a essa inferioridade estipulada pela sociedade machista em que infelizmente vivemos, e ainda consentem. Como as mulherem tem coragem de julgar às outras quando se trata de um milagre da natureza que é só nosso?
Outro comentário que li e achei digno, foi falando que ser a favor da legalização do aborto não é a mesma coisa que ser a favor do aborto. E é isso mesmo! Temos o livre arbítrio para tomarmos nossas decisões de acordo com a nossa consciência, nossa crença, nossa vontade, e todas as mulheres merecem ter isso e saber disso, para que possam agir em liberdade, sem serem julgadas e maltratadas.
É uma pensa saber a quantidade de gente atrasada que vive nesse planeta. A minha esperança é que enquanto alguém estiver disposto a falar, talvez a gente ainda consiga mudar. Vamos pagar pra ver.

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