quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sexto Sentido


Quando ela chegou em casa, não acendeu a luz. Seguiu as sombras e jogou as chaves na mesa. Entrando no quarto tirou a roupa pesada que vestia desde as sete da manhã. Já era tarde e a vizinhança toda era silêncio. Lembrou de coisas que precisava fazer no dia seguinte enquanto arrumava a cama pra deitar. Passavam coisas pela sua cabeça que eram estranhas, reflexos do destino controverso que persistia em ser. Então começou,

-É que eu sinto tanta saudade. Se as pessoas soubessem como você me dói de vez em quando. Se você soubesse. Essa insegurança diária atormenta até os sonhos. Eu quero tanto ir embora. Quero poder mudar, e se você estivesse aqui tudo seria diferente. Um dia ouvi que o "se" não existe, que quando pensamos em hipóteses na verdade deveríamos pensar no que poderíamos ter feito de diferente, mas com a mesma motivação. Mas sabe, é confuso. Lá fora é tudo tão grande, tão assustador. Mas se você estivesse aqui...

Foi quando ela parou pra respirar, e ouviu a porta bater.

Sentiu um arrepio, e depois lembrou, eu tranquei sim, a porta.

Com pouca coragem foi à sala de novo. Escuro. Em cima da mesa, ao lado das chaves, um papel amassado.

'Nunca fui embora. Não vá você também.'

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