terça-feira, 29 de maio de 2012

Looping


 Era aquela mesma melodia. Começava com a manhã, e mantinha seu ritmo durante a tarde. Quando a noite chegava ela ficava no automático, tocando sozinha.
É engraçado como ela tinha essa característica, ato falho.
Necessidade. Era isso! Ou, achavam que era. Em sua memória tudo tinha uma relação. Conforme os fatos evaporavam do momento e entravam no pretérito, dentro de sua cabeça já existiam laços correlacionando todos os sentimentos possíveis, e em sua maioria, inventados.
Ela acreditava em todos. Argumentos contrários ou opiniões reversas, nada era capaz de dissolver aquela imaginação meticulosa, que adquiria mais força a cada manhã, quando a melodia começava a soar.
Seus passos já eram desprendidos da razão, desde quando não é mais possível se lembrar.
Essas idas e vindas, incertezas vitalícias que driblamos com palavras fortes, quanta porcaria!, pensava.
Era intrigante. E talvez, esse sintoma só piorasse aquelas repetições.
Se precisar esquecer, dorme que passa - diziam.
Eu durmo. Mas quando acordo, só encontro a manhã. A mesma de ontem, só que um pouco maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário