sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Bruta Flor

Consultório, 19:29.
- Você entende? Hoje não sei mais até quando isso vale. Todo esse sofrimento pelo qual sou culpada de sentir, todo esse controle que me consome diariamente e toda essa - loucura - que já não sei mais se é minha ou se é consagrada. Pr'onde se deve ir quando você começa a questionar a certeza?
- Interessante. Você sabe, isso implica em uma escolha. Sempre há dois lados da moeda...
- Mas e se dois lados não forem mais o suficiente? E se o limite sufocar e eu não quiser mais ser essa - loucura? Uma ciranda eterna, uma gangorra. Designa-me características próprias, foge de mim - fora de mim. Dentro? Afogamento. Falta de ar.
- E aquelas borboletas?
- Parecem cinzas. Foram reduzidas ao acaso e o destino esmagou todas, sem dó. Teria eu que ter dó de mim? Vitimizar as coincidências inseguras que me fazem tropeçar nos amanhãs despertos de dúvidas ou simplesmente ceder e me entregar?
- Se entregue a você.
- A mim estou entregue desde que senti amor pela primeira vez. Não existe sentimento mais caótico e anormal do que esse. Declarações traçadas em seda com o fogo queimando a pele: suicídio consciente!
- Exercite o "não saber".
- Até semana que vem.
- Até.

Nenhum comentário:

Postar um comentário