quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Urgência

O que que a gente faz quando não sabe o que fazer? Quando todas as informações se acumulam dentro de uma bolha frágil, e a qualquer momento existe o risco - de repente.
Aquela marca da pele, aquela mensagem de madrugada, aquele choro que você não viu, aquele sorriso estampado no lábio da outra menina que cruzou comigo na rua ontem - ela parecia feliz - e a minha vontade foi perguntar por que.
- Me diz aqui, entre nós. De onde vêm esse sorriso frouxo que você anda por aí esfregando na cara das pessoas?
Como pode existir tamanha falta de sensibilidade na calçada da minha rua e esse rombo dentro do meu peito, três andares acima daquela outra menina - aquela que estava sorrindo, aquela que parecia feliz.
Que crueldade. A gente culpa o mundo, julgando injustas as coisas que caem sobre as nossas cabeças sem sequer questionar pra onde elas vão nos levar. Ora, é claro. Se fazer de vítima é tão mais fácil, você não acha?
Projetar a nossa falta de expectativa e nosso tédio sem fim em pessoas incapazes de administrar seus próprios sentimentos e de sequer receber o sol na cara, que tá lá, brilhando todo dia.
Querer saber o por quê das coisas só traz mais indignação, criança. Quando você crescer você vai entender.
E digo à eles, que incansavelmente repetiram isso pra mim - não quero!
- Mas você não tem escolha, vai acontecer.
Ora, calma aí. Escolha todos nós temos. E são elas que fazem da vida esse campo de batalhas. Você precisa sempre decidir, opinar, responder, saber. Aquele ponto de interrogação que você aprendeu que enfatiza uma pergunta é a causa disso tudo. Mas isso você já deve saber.
Não sabe?
- Eu finjo que não sei, as vezes.
Tudo bem, no mundo é normal fingir. Mas não finja que eu não disse, não finja que eu não avisei.
- Mas a escolha é minha.
É verdade.
- Mesmo sem saber qual é.

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