- Queria te perguntar uma coisa.
(Verbos conjugados na segunda pessoa do singular complicam um pouco as circunstâncias)
- O que você quer saber?
(O mistério que se mantém inquebrável é a motivação do questionamento, e por conseguinte, da saudade)
- Talvez a pergunta seja pra mim.
(As incertezas geradas pelo turbilhão barato de sentimentalismo exacerbado carrega sem parar um gatilho de vidro, que uma vez disparado, não pode ser reconstituído)
- Se fosse, você já saberia a resposta.
- Eu sei, na verdade.
- Então por que se questiona? Aliás, por que me direciona uma pergunta sobre a qual é você quem deve tecer a resposta?
- Talvez porque eu queira te envolver. Porque quero que você entre no próximo trem comigo e não olhe mais pra trás. Porque passam pela minha cabeça incontáveis palavras de prefixo "in" que eu poderia encaixar perfeitamente dentro dos nossos contextos e jamais seria suficiente, porque as próprias justificativas que emendo em frases e sigo assim, quebrando argumentos seus - sejam eles meus - estão recheados de palavras que eu prometi não usar mais, como "sempre" e "nunca", porque a loucura me consome a cada minuto de distância e porque essa resposta que procede a pergunta jamais vai se concretizar em virtude desse vício que desenvolvi - e como desenvolvi - de ter você aqui.
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