segunda-feira, 23 de julho de 2012

Quando falta, ainda resta


Havia enlouquecido. Tinha quase certeza disso. Os dias seguiam constantes, sempre com reviravoltas de embrulhar o estômago. Mas tinham aquelas borboletas também, escondidas ali, pertinho do coração e coloridas, trazendo um caos tranquilo àquela consciência remanescente.
- Que alívio!
Suspiros doces, era o que ouvia.
- Se as borboletas ao menos soubessem como preciso delas!
Como as quero por perto, o toque quase no fim.
Asas delicadas, vulneráveis ao vento que sopra do mar.
E traços definidos que dificilmente conseguem ser superados. Sequer esquecidos.
- Deixe-as aí! Não me leve a única alegria, o único escape, a utopia que me cuida quando em nada mais consigo acreditar.
Faça silêncio. É no sussurro que consigo ouvi-las.
Chegue mais perto.
Um pouco mais.
- Amor! É isso! Você conseguiu escutar?
- Não sei, talvez seja o eco de meus próprios pensamentos.
- Não! Você estava certa. É amor.
- E sempre acontece assim?
- Nem sempre, nem quase. Dessa vez, foi a única vez que foi. Assim.

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